No texto da rubrica “A Semana em Voo Picado” publicado na passada segunda-feira, faço algumas observações quanto à manutenção das medidas de confinamento, nomeadamente em relação à abertura ou não abertura das escolas, que suscitaram alguns comentários, todos eles, bastante interessantes e pertinentes!…

Em suma agruparia as várias reacções recebidas, em dois grandes grupos:
Um grupo que acha que as escolas não devem abrir… e que tem mesmo dúvidas se deveriam voltar a abrir tão cedo! Este grupo é, sobretudo, movido pela respeitável vontade de proteger as crianças de serem infectados, e os seus agregados familiares, de receberem em casa um potencial agente transmissor.
O segundo grupo é aquele que acha que as escolas já deviam estar abertas… Que estas não são um ponto de alto risco de contágio… E que os efeitos negativos de manter as crianças fechadas em casa é mais relevante do que o baixo risco que a COVID19 representa para estas faixas etárias! Neste grupo estão pessoas cuja preocupação é, sobretudo, o impacto que o fecho das escolas tem na aprendizagem e na construção da sociabilidade das crianças… Assim como estão pessoas cujo móbil é a incapacidade de continuar a trabalhar de forma produtiva, com os filhos em casa 24h por dia!… Preocupações, também elas, absolutamente legitimas e tão respeitáveis quanto as dos grupo anterior.
Entendendo, como se pode ver, a bondade das razões de cada um destes grupos… eu não me junto a qualquer dos mesmos!…
Exactamente porque estou preocupado com a protecção das famílias de eventuais focos de transmissão… mas também me preocupam o impacto que o fecho das escolas pode ter no futuro das novas gerações… é que uma solução e outra me parecem redutoras e incapazes de responder de forma completa aos desafios que a situação actual comporta!
Assim, a minha posição é que as escolas deveriam abrir o mais rápidamente possível… mas com condições especiais de segurança para todos os intervenientes…
Talvez isto pareça estar a pedir ”sol na eira e chuva no nabal!”… mas, efectivamente não o é… senão vejamos…
É possível abrir as escolas reduzindo de forma substancial o risco de contágio nas mesmas? Na minha opinião é!… Mas para isso é necessário planear esta abertura, assegurando condições especiais que permitam ter uma garantia, mais razoável, de que não as vamos voltar a fechar um mês depois…
E isso poderia ser feito com três medidas simples, mas de grande impacto… são elas:
- Vacinar os adultos envolvidos na Escola: É preciso entender que as escolas não são, apenas alunos com baixo risco face à COVID19… São também professores e funcionários muitos deles pertencentes aos grupos de risco. Na vizinha Espanha os professores e funcionários das escolas fazem parte dos grupos prioritários para receberem a vacina… em Portugal ainda se está a estudar esta opção!
- Testar de forma massiva e periódica toda a população escolar: no cantão Suiço onde vivo as escolas estão abertas… mas os alunos estão, neste momento, a ser testados uma vez por semana!… Esta testagem massiva e periódica permite detectar potenciais focos de contágio de forma rápida e eficiente, assegurando um isolamento dirigido, sempre que se justifique e evitando “fechos cegos” ou descontrolados…Em Portugal ouço falar num novo plano de testagem desde há semanas… e continuo sem perceber o que vai, realmente, mudar!
- Reduzir os aglomerados nas chegadas e saídas das escolas: Em muitos países foram tomadas medidas para limitar a chegada massiva de todos os alunos á escola ao mesmo tempo!… A limitação do transporte individual à porta da escola com definição de um conjunto de locais de chegada desde os quais os alunos podem entrar na escola por sítios distintos é uma delas… Mas também o diferimento, por ano de escolaridade, de horários de início da escola… ou a delimitação dos espaços exteriores para limitar o cruzamento entre turmas… etc. etc. etc…
Infelizmente, em Portugal, as discussões resumem-se muitas vezes a “fazer ou não fazer” e poucas se centram em “como fazer” e este é um caso paradigmático disto mesmo!
Entendo, pois, que mais do que estarmos a pedir para que se abram as escolas hoje ou apenas em abril… deveríamos estar a exigir para que as mesmas abram rápido e em segurança… de modo a que estejam protegidas da, mais que provável, quarta onda que acabaremos por ter de enfrentar!
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