Este não é um texto sobre futebol!… Mas é um texto que utilizará um episódio do futebol para falar de algo que creio ser destruidor de valor para as sociedades: o corporativismo exacerbado!…

Refiro-me, pois, ao episódio em que, na sequência de uma participação apresentada pela Associação Nacional de Treinadores de Futebol, a Comissão de Instrutores da Liga Portuguesa de Futebol Profissional acusa Ruben Amorim, e o Sporting, de fraude por este ter exercido o cargo de treinador principal quando não tinha habilitação para isso (Nível IV)!…
E escolho escrever sobre isto porque me parece um exemplo paradigmático de isto mesmo… um processo movido com motivações claras de um protecionismo pateta… sob a capa de uma suposta defesa de algo maior!…
E a prova do algodão é a total incapacidade dos promotores deste disparate de explicarem o que estão a defender!…
Rubem Amorim não colocou nenhuma vida em risco… não ameaçou a saúde de ninguém… o exercício da sua função não é passível de provocar qualquer consequência negativa, especialmente grave, que justifique qualquer tipo de protecção especial…
Por outro lado, Rubem Amorim, também não enganou ninguém. Era pública a sua situação e esta não pareceu incomodar os eventuais interessados (ou potenciais prejudicados) na mesma: o Sporting e os seus associados…
Assim que, parece claro que a motivação do Sindicato dos Treinadores não será a defesa do Futebol, mas sim a protecção corporativa do grupo de treinadores com o tão falado Nível IV, assim como a proteção do seu pequeno poder de determinar quem pode, e quem não pode, treinar clubes da primeira liga!
E é aqui que os argumentos dos detratores de Rubem Amorim e do Sporting esbarram contra a realidade!… Pois que, apesar de alegar a defesa do futebol e dos seus treinadores, este sindicato acaba por estar, na prática, a tentar privar o Futebol, e a classe dos treinadores, de um profissional que já provou ter competência para a função que desempenha!…
A formação e a qualificação profissional é, sempre, um valor adicional seja qual for a profissão e o nível de competência da pessoa… Coisa diferente é tornar obrigatório o que não tem qualquer motivo para o ser…
Existem, como é fácil de entender, profissões que para serem exercidas justificam esta obrigatoriedade… Por exemplo, é mais do que lógico que para ser exercer medicina se exija a respectiva certificação… ou não fossem as decisões dos médicos algo passível de influenciar a saúde ou a doença ou, ainda pior, a vida ou a morte de alguém!… Será também óbvio a necessidade de certificação para um engenheiro de estruturas que projecta pontes ou barragens… ou para um piloto de aviação que nos transporta dentro daquelas máquinas voadoras!…
Mas o facto de esta exigência ser justificada para este tipo de profissões, não implica que o mesmo princípio se aplique a todas as restantes actividades…
Pensemos, por exemplo, na quantidade, de excelentes gestores oriundos de áreas tão distintas!… Passaria na cabeça de alguém colocar em causa o engenheiro químico Belmiro de Azevedo… ou o auto-didacta Rui Nabeiro?… Não me parece, pois não?
Acresce que a actividade, que estes dois senhores exerceram toda a sua vida, é de uma exigência… de uma complexidade… e de uma responsabilidade… incomparavelmente mais alta do que a de um treinador de futebol!… Não vos parece?
Mas volto ao início porque este não é um texto sobre futebol!…
E não é sobre futebol porque não é apenas no futebol que estes disparates se produzem!…
Na verdade, vivemos num país que tem, ao mesmo tempo, um problema de défice de qualificações e uma obsessão pelas mesmas…
Uma obsessão que nos leva a pensar que é necessário ter um título para ser alguém… Uma obsessão que nos leva a ostentar títulos académicos em cheques e cartões de crédito… uma obsessão que nos leva a confundir qualificação com competência…
E depois somos um país de pequenos poderes e de pequenos privilégios muitas vezes assentes em nada mais do que o hábito!…
Por isso, não são raras a vezes em que o apelo corporativista leva grupos de pessoas a se mobilizarem para proteger hábitos ou privilégios acima da razoabilidade…
Por isso não raras vezes grupos profissionais lutam para limitar a concorrência sobre a sua profissão sem outra motivação que não seja o medo da mesma… medo esse, que não tem outro efeito do que privar a sociedade de alternativas que os obriguem a melhorar continuamente…
Ora, fácilmente se percebe que esta pulsão protecionista, feita sob a escusa de se estar a defender a sociedade, acaba por ter o efeito contrário… destruindo valor… destruindo oportunidades de crescimento… limitando a inovação… e privando, a mesma, de soluções que não correspondam aos limites que a corporação entende como bons!…
Estou certo que o bom senso irá prevalecer!
E vocês, o que pensam sobre isto?
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Permita-me descordar, o que o Rúben Amorim tem feito ao Sporting. afecta directamente a minha saúde mental e emocional… o lugar que ocupa era suposto ser do meu clube, os meus níveis de ansiedade e stress estão lá em cima! (Brincadeira!!)
Esta situação tem tanto de ridícula como de vergonhosa, o nível de treinador dele sempre foi transparente… e AGORA é que a questão ‘virou problema’ porquê? Se o SCP estivesse em último lugar seria um problema?
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eheheheh!… Por esse ponto de vista os meus níveis de ansiedade também se viram afectados pela (in)competência do Ruben em manter o Sporting no lugar que tão bem tem ocupado!
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