Autor Convidado: Vasco Capela

DO MAR AO MARKETING

Antes de mais, obrigado Hugo. Obrigado por me convidares para fazer parte deste espaço. O meu percurso académico e, consequentemente, profissional, não foi necessariamente coerente, e foi sobre isso que me desafiaste a falar. Recebi este desafio com muito agrado, uma vez que acredito que estamos sempre a tempo de mudar e encontrar novos rumos pessoais e profissionais para a nossa vida. Foi isso que aconteceu comigo.

Apesar de neste momento integrar a equipa de Marketing da Pharmacy Business Unit da Viatris, o início do meu percurso académico nada teve a ver com Marketing. Sendo apaixonado pela natureza e, particularmente, pelo mundo animal desde que me lembro, optei pela área da biologia marinha aquando da escolha do curso para ingressar na universidade. A verdade é que esta escolha foi fácil, assim como a minha integração no curso. Vivi 3 anos inesquecíveis, desenvolvi projetos desafiantes, fortaleci laços de amizade, e criei uma aproximação com o mar e com os seus encantos que rapidamente me fizeram apaixonar por esta área. 

Na reta final desta licenciatura, já com uma grande nostalgia e emoção acumuladas por deixar uma instituição que tanta felicidade me trouxe, surgiu a dúvida: O que fazer após o término da licenciatura? A vida académica, apesar de vivida com responsabilidade, foi uma fase de inocência e diversão. Até àquele momento, nunca me tinha preocupado, realmente, com o futuro – se me iria sentir realizado a trabalhar naquela área, se me identificava com o que tinha estudado, ou quais as minhas perspectivas salariais e de progressão no setor.

Apesar da dúvida, tinha uma certeza. Não podia fazer uma escolha que impactasse o meu futuro académico e profissional de ânimo leve. E com esta convicção, tomei a decisão de fazer uma pausa nos estudos, na esperança de encontrar respostas para as minhas dúvidas.

Enquanto definia uma estratégia para aproveitar esta fase, e para que não fosse um ano “perdido” na minha vida, decidi acumular experiências profissionais em diferentes áreas.  Percebi também que precisava de viajar, já que a possibilidade de conhecer novas culturas me apaixonava há vários anos. Assim, acumulei alguns recursos para posteriormente financiar os meses que se avizinhavam.

Durante este planeamento, candidatei-me a duas experiências internacionais para o 2º semestre, um voluntariado num hostel em Praga e um estágio Erasmus + em Malta. Já com os planos definidos, os primeiros meses deste “ano sabático” desdobraram-se em várias experiências profissionais incertas de curta duração, desde degustações de cafés e venda de filtros de água, até entrevistas para estudos de mercado e sondagens políticas. Foi aqui que percebi o gosto que tinha em comunicar, em criar empatia, e quando necessário, a vender. É também neste período, na minha primeira, e até então, mais desafiante experiência profissional na indústria farmacêutica como promotor nos Laboratórios Vitória, que sou apresentado ao Marketing. Apesar de ter trabalhado neste projeto diretamente nas vendas, tive a oportunidade de conhecer a estratégia e objetivo da ação que estava a desenvolver, da construção da marca que estava a comercializar, e também da tomada de consciência da importância de me identificar com o produto que estava a trabalhar e da implicação direta que isso tinha no sucesso, ou não, do meu trabalho. Desta forma, e após despertada a curiosidade sobre esta temática e consequente procura de informação, percebi que o interesse nesta área estava a crescer em mim.

Após este período profissional, segui a minha aventura internacional que se iniciou em Praga. Recordo-me do dia em que cheguei, -3ºC, uma caminhada de 40 minutos até à minha unidade hoteleira. Envergonhado com o meu inglês ainda rudimentar, acabo por conhecer os meus colegas de trabalho, que logo me convidam para assistir a um concerto num bar. Desconfortável, rapidamente respondi que estava cansado e que ia arrumar as minhas coisas, mas quando cheguei ao quarto, pensei: Fiz tudo isto para sair da minha zona de conforto, não vou começar já a dizer que não. Acabei por aceitar o convite e a noite, como se pode adivinhar, foi fantástica.

No dia e nas semanas seguintes, o meu inglês não melhorou, mas rapidamente percebi que, tal como a minha, a comunicação dos meus colegas também não era perfeita, e que o mais importante era sentir-me à vontade. Este estado de espírito foi, assim, um catalisador para abraçar o desconhecido e estar confortável comigo mesmo, extrapolando para o resto das aventuras com as quais me fui deparando.

Os meses seguintes foram, sem dúvida, dos que recordo com mais saudade. Viajei para Malta, até hoje a minha segunda casa, para trabalhar numa ONG de conservação de tartarugas. Formei um grupo de amigos com mais de 15 nacionalidades que se mantém até hoje. Conheci e convivi com novas culturas e religiões, fiz a costa Siciliana, visitei e tirei o meu passaporte em Roma, para mais tarde, concretizar uma das minhas viagens de sonho – Jordânia. Podia continuar a inumerar as experiências inesquecíveis que vivi, mas o importante é realçar que, no final de contas, tinha uma visão diferente do mundo: mais positiva, mais livre.

Photo by Karl Paul Baldacchino on Unsplash

Após este tempo, passado a refletir, percebi que precisava de abrir os meus horizontes no que dizia respeito à minha formação académica e, consequentemente, ao meu futuro profissional. A experiência de trabalhar com tartarugas marinhas foi indescritível. Contudo, ao fim de algum tempo, o trabalho tornou-se extremamente repetitivo, sentimento este que já tinha experienciado na altura do meu estágio académico, num laboratório de investigação.

Com pesquisa por informação, testemunhando experiências de amigos, e com as minhas próprias vivências profissionais no início desse ano, comcei a ponderar, ainda que com muitas incertezas, que o Marketing pudesse ser um bom complemento à minha formação. Dadas as minhas perspetivas internacionais, decidi inscrever-me no mestrado em Marketing Global no IPAM. Apesar de entrar num mestrado sem quaisquer bases teóricas na área, tive a sorte de encontrar colegas e professores extremamente generosos que me ensinaram e me apoiaram muito, permitindo-me desenvolver rapidamente conhecimentos neste âmbito. 

Ainda a terminar o primeiro ano, comecei a trabalhar freelance com fotografia de produto aliada a Marketing Digital para diferentes tipos de negócio. Felizmente, os resultados foram bastante positivos de acordo com o feedback dos clientes. Além disso, comecei a desenvolver um travel journal, que brevemente estará finalizado. Apesar de acreditar que trabalhar autonomamente tinha as suas vantagens, estava convicto de que nesta fase embrionária da minha carreira, integrar um projeto desafiante, com profissionais de excelência, seria o próximo passo a dar. Neste sentido, e após me ter mudado para Lisboa, tive a felicidade de ser aceite para um estágio profissional na Viatris. Os meses que tenho vivido têm sido fantásticos, muito em parte pela equipa incrível que tive a felicidade de integrar. Sinto-me extremamente satisfeito por estar rodeado de pessoas com uma cultura com a qual me identifico, que me recebeu de braços abertos desde o primeiro dia e, acima de tudo, pela oportunidade de aprender com quem tanto sabe e que tem a generosidade de partilhar.

Hoje em dia, estou certo de que encontrei a minha vocação, ou pelo menos uma área onde me sinto inserido, e para a qual sei que posso contribuir positivamente. O Marketing é multifacetado: livre, criativo, impactante, analítico, estratégico, apaixonante e, por isso, é desafiante e estimulante para alguém com vários interesses e paixões, como eu. Sempre tive vontade de experimentar coisas novas e, acima de tudo, de ter um impacto positivo naquilo que faço. Ser ainda mais feliz a trabalhar em algo com que me identifico. Em jeito de conclusão, nunca é tarde para experimentar coisas novas, abraçar o desconhecido e descobrir o que nos faz realmente felizes.

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#SociedadePortugal; #NeverTooLate; #FollowYourDreams 

Publicado por Hugo Barbosa

Empenhado em deixar o mundo um pouco melhor do que o encontrei!

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