Quase duas semanas depois das eleições legislativas, na quarta-feira da semana passada, eram contados os votos dos emigrantes e distribuídos os 4 lugares parlamentares correspondentes aos dois círculos da diáspora: “Europa” e “Fora da Europa”!…
Um momento que podia ter sido de celebração dado o número record de votantes, resultado, em grande medida, do recenseamento automático de todos os cidadãos nacionais residentes no estrangeiro, e do recurso ao voto por correspondência.
Sim, é verdade que a taxa de abstenção na diáspora é muitíssimo alta e que há um longo caminho para uma participação democrática a níveis aceitáveis!…
Sim, é verdade que nem tudo correu bem com boletins de voto a não chegarem a tempo a todos os eleitores inscritos!
Sim é, ainda, verdade, que uma comunicação deficiente levou alguns eleitores a consulados onde não havia mesas de voto, por não terem inscrições para voto presencial!…
Sim… o processo não foi perfeito… mas mesmo com tanta imperfeição o numero de votantes aumentou em 60%, com o circulo da Europa quase a duplicar os números de 2019!…
Uma evolução clara que merecia, claro está, ser assinalada!
Só que não!…
Só que, num momento em que se exigia respeito pelo voto destes eleitores, partidos políticos e autoridades de estado, resolveram avançar em interpretações criativas, disputas estéreis e decisões incompetentes que resultaram na anulação vergonhosa de 80% dos votos do círculo eleitoral da Europa!…
A novela começou quando as mesas eleitorais se preparavam para aceitar boletins de voto que não vinham acompanhados com a fotocópia do cartão de cidadão, numa clara violação das instruções recebidas pelos eleitores e da lei eleitoral!…
Perante tal prática PS e PSD desentendem-se, com os primeiros a defenderem o critério em causa e os segundos a exigir que esses votos não fossem considerados!…
O certo é que enquanto discutiam se a lei devia ou não ser respeitada… as mesas foram avançando com o processo e misturando nas urnas uns e outros votos!…
Foi assim que, quando a CNE esclareceu que a lei era para se cumprir, já não havia forma de distinguir os votos irregulares dos restantes votos!…
Resultado… acabaram anuladas urnas inteiras correspondentes a 80% dos votos expressos!!!!
Uma verdadeira falta de respeito para com a democracia, o voto e os eleitores!…
Uma vergonha para Ministério da Administração Interna, que organiza o acto eleitoral sendo por isso o responsável último pelo sucedido… mas uma vergonha, também, para os partidos em causa, que preferiram tentar ganhar uma espécie de “rixa de adolescentes” a cuidar do “sagrado” direito á participação democrática, exercida no voto de cada eleitor português!
Absolutamente inaceitável!
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Hugo Barbosa 
Olá Hugo,
Excelente post. No meu caso particular, fiquei surpreendido com a facilidade com que me chegou o voto por correspondência a casa (nestas que seriam as minhas primeiras legislativas fora de Portugal). A comodidade só nao foi total pela maldita fotocópia que pediam (tinha ideia que era ilegal apresentar fotocópias do documento de identificação), mas era um esforço menor a ser feito pela possibilidade de votar, e que fiz de bom grado… pena saber que provavelmente não serviu de nada e a minha voz não foi ouvida… parece que nós enquanto nação as vezes temos o condão de borrar a pintura quando finalmente a coisa estava a melhorar. Que sirva de lição.
Um abraço
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Obrigado pelo comentário, Roberto! E sim, tens razão… temos um talento especial para tropeçar quando algo está a correr bem!… e agora é votar novamente!
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