Há cerca de 9 anos tive vontade de tentar uma nova aventura com a minha família.
Havia como que uma sensação de que era tudo sempre igual, que a vidinha ‘’ia andando’’, mas que tudo, tudo, mexia muito pouco o que me fazia algum ‘’fastio’’.
Não é que eu não goste de calmia, mas algo me dizia que era a altura de experimentar algo novo. Como pessoa, e como cientista, sou curioso e gosto de procurar novas opções e novas sensações.
Costumo pensar que devo chegar aos 80 anos, pelo que, naquela altura com 40, estaria a meio da corrida. Ficava assim evidente que que a partir dai seria cada vez mais difícil sair da minha “rotininha”.
Na altura fazia parte da equipa de investigação e desenvolvimento numa empresa farmacêutica portuguesa.
Uma empresa onde, durante 13 anos tive a oportunidade de aprender, de crescer e evoluir como pessoa e como cientista profissional em várias áreas ligadas à farmacologia. Uma empresa que, hoje penso, foi a rampa de lançamento que me abriu a possibilidade de tentar um outro mundo e novos desafios.
Por sorte, talvez por coincidência ou talvez porque procurei, havia a oportunidade de tentar uma vida nova além-fronteiras.
De Basileia, na Suíça, recebi uma proposta de uma empresa farmacêutica, para fazer parte do grupo de cientistas de metabolismo e farmacocinética.
O meu curriculum foi visto como uma mais-valia para aquele grupo e até já havia um projecto interessantíssimo para mim. Eu já tinha sido apontado como aquele que iria ajudar a implementar um sistema de qualidade para um tipo especifico de bio-análise de amostras provenientes de ensaios clínicos – “Clinical plasma protein binding”.
Foi música para os meus ouvidos!! Encontrei uma empresa gigante que nunca dorme, moderna, organizada, que nunca para de mudar e com possibilidade de crescimento. Um local onde sou constantemente desafiado para a melhoria e para a inovação, que me dá responsabilidade e a possibilidade de escolher quando posso e quero estar com a minha família, possibilitando um inigualável “work life balance”.

Facilmente, decidimos em família e planeamos a nossa nova vida.
Inicialmente, o nosso plano passava pela completa mudança da nossa família para a Suíça. Eu iria à frente para “preparar o terreno”. Durante a fase inicial, estar longe dos meus dois filhos, o André e o Afonso com 8 e 5 anos respetivamente, e o não poder compartilhar o quotidiano com a minha mulher foi algo muito desconfortável.
Mesmo com as novas formas e tecnologias para comunicar, eu não conseguia ficar sem ir a Portugal com frequência. E assim, me tornei num dos clientes habituais da ponte aérea Basileia-Porto indo a casa, no mínimo, a cada 2 semanas e passando o fim de semana em família na maioria das vezes.
Após, 2 ou 3 meses de idas e vindas a Portugal, conversamos em família e ajustamos o nosso plano. A facilidade em viajar, e a flexibilidade de horários que a empresa me possibilitou, ajudou a criar um modelo familiar em que “trabalho na Suíça” enquanto, ao mesmo tempo, vivo em família em Portugal.
Concluímos que não havia necessidade de abdicarmos de tudo o que já tínhamos construído em Portugal. Poderíamos perfeitamente usufruir o que de bom temos nos dois lugares. Poderíamos continuar a fazer bodyboard sob o céu azul português e usufruir de uma boa churrascada nas margens do Reno!
E porque não?
Decidimos tentar em vez de não saber como seria!
E assim tem sido durante mais de 8 anos. É certo que foi necessário fazermos alguns ajustes e adaptações, mas, passado pouco tempo, conseguimos chegar a um bom equilíbrio. Curiosamente, os meus filhos chegaram a dizer que desde que eu tinha ido para Basileia, nós estávamos muito mais tempo justos!
E, sim, era verdade! Pois apesar de não estarmos justos todos os dias, o fim de semana era vivido intensamente!
Obviamente, não dá para aproveitar tudo o que eu sei que a Suíça tem, e nem sempre consigo estar com alguns amigos em Portugal. Mas, como em tudo na vida, temos de optar e abdicar de alguma coisa. E a minha opção foi a de dar prioridade à minha família!
Entretanto, nasceu a Maria, pelo que somos agora uma família de 5, que sempre procura aproveitar ao máximo o que a vida nos proporciona.
Todos gostam muito de vir a Basileia, em particular a minha mulher que adora a atmosfera do Natal na Suíça.
Gostamos de estar juntos expostos a novas culturas e ideias. E eu gosto quando de lhes posso proporcionar novas experiências, novos ensinamentos e novas sensações.
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