Em Portugal existe uma instituição linguística que compreende, e corporiza, uma parte do nosso atraso enquanto sociedade: o “mas”!
É verdade, nós portugueses, utilizamos o “mas” para temperar a realidade com novas camadas, capazes de confundir o bem com o mal… ou melhor… de os colocar numa dialética que relativiza um para potenciar o outro.
Assim, em Portugal não são apenas possíveis, como são mesmo recorrentes, frases do tipo:
“Está bem que o “S” era um ditador… mas… ele nunca roubou o povo… e morreu pobre”
ou
“Pode ser que o “IM” tenha roubado… mas… ele fez muito pela cidade e pelo município”
ou
“Dizem que o “VL” andou a dar maquinas de lavar para ter mais votos… mas… se não fosse isso aquelas pessoas, hoje, não teriam uma maquina de lavar”
ou ainda
“Sim, ele roubou… mas… roubou para o povo”
Tudo frases que ouvimos amiúde…
E não se pense que apenas nas tascas de alfama ou nas imediações da barbearia do nosso bairro… Estas são frases que se enraizaram na nossa cultura de forma bastante transversal…
Frases que eu oiço proferidas pelo operário mas também pelo professor universitário… pelo pobre e pelo rico… no campo e na cidade!
E é isso que me preocupa!… Não as frases em si… mas a crença cultural que elas transportam. Pois quando no meio de uma noite de copos uma destas frases é proferida, a mesma é inofensiva… mas quando, no momento de uma eleição, fazemos as nossas escolhas influenciados por estes preconceitos estamos a contribuir para a degradação do estado e das instituições.
É esta crença de que todos os políticos roubam e que, por isso mesmo, é melhor ter um que, apesar de roubar, “faz alguma coisa de jeito”!… que faz com que continuemos a ter políticos que roubam quer façam algo de jeito quer não o façam!
Como se não pudéssemos ter a expectativa, e a exigência, de que quem nos lidera, “faça muitas coisas de jeito” sem ter de roubar nada nem ninguém!
Sim, temos o direito de esperar que quem serve as pessoas, o faça de forma transparente e honesta!… Que faça o seu melhor!… E que responda não apenas pelos seus resultados, mas também pela forma como os mesmos foram alcançados!
Precisamos de vencer estes “mas” que nos fazem aceitar o que não pode ser aceite…
Precisamos vencer estes “mas” que subtraem e substitui-los por “e”(s) que somem competência e honestidade…
Só assim avançaremos para uma sociedade avançada e inclusiva!
Só assim entregaremos aos nossos filhos um mundo melhor do que aquele que encontramos!
Quem me acompanha neste propósito?
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#ActualidadePortugal; #SociedadePortugal; #DemocraciaParticipativa; #PoliticaPortugal
Excelente reflexão Hugo. Também não aceito o MAS quando a sua presença representa o sacrifício dos princípios, da ética ou da decência . Um país sem MAS, seria um melhor país. Obrigado pela tua partilha!
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Obrigado Óscar. Começamos nós a combater estes “mas”… outros nos seguirão.
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